Em meio a cobrança por celeridade na aprovação de novas regras setoriais, agentes mostram novos serviços e equipamentos
Em evento que começou com cobrança por maior celeridade na efetivação da modernização do setor elétrico, ao que o governo respondeu com o argumento de que cada passo precisa estar assentado na maturidade dos debates, o que não faltou foram exemplos de inovação tecnológica.
De subestação fixa transportável a robô para instalar equipamento de proteção para as aves nas linhas de transmissão, em muitos dos quase 80 estandes em que se dividiu a exposição paralela às apresentações de centenas de trabalhos técnicos, o 25º SNPTEE evidenciou novos produtos que prometem tornar mais eficientes e seguras as operações dos agentes do mercado. O evento foi realizado em Belo Horizonte, entre os dias 10 e 13 de novembro.
A catarinense WEG, uma das principais fabricantes de equipamentos do país, apresentou sua versão para uso por prazo mais longo da já consagrada subestação móvel hoje usada para reforçar a potência em grandes eventos, prevenindo colapsos do fornecimento de eletricidade em momentos de pico, ou em casos de necessidade de desligamento da subestação fixa para serviços de manutenção, por exemplo.
O subestação móvel, com limite de 138 KV e 50 MVA, funciona assentada sobre um caminhão, projetado dentro dos limites das regras de trânsito nas rodovias do país, que se desloca conforme a necessidade da distribuidora ou do grande consumidor, tendo sido concebido para ficar por pouco tempo em cada locação.
Gerente de Vendas da WEG Transmissão e Distribuição, Marco Antonio de Azambuja explicou que a nova versão surgiu a partir da constatação de que muitos clientes acabam mantendo a unidade móvel por longo tempo no mesmo serviço,
praticamente transformando-a em uma subestação fixa. Surgiu daí a proposta de uma subestação fixa, mas que pode ser integralmente transportada para outro site caso seja necessário.
A vantagem, segundo o executivo, é que, além de poder ser deslocada da mesma forma que o caminhão, ela ocupa até 30% menos de espaço do que uma subestação móvel tradicional, pode ser totalmente construída em cerca de dois terços do tempo da convencional ou da móvel, economiza os custos de imobilização da unidade móvel e pode usar o transformador convencional, neste caso, removido se for necessário a transferência de site para viabilizar o tráfego pelas estradas.
Siemens: segurança cibernética
Siemens apresenta plataforma de monitoramento cibernético
Já a Siemens montou uma operação de marketing diferenciada para apresentar seu carro-chefe no evento. A apresentação da nova plataforma de segurança cibernética foi feita em uma tradicional cervejaria artesanal da capital mineira.
O gerente de Aplicação Digital da Siemens, Paulo Antunes, definiu a plataforma como “uma espécie de centro de monitoramento de segurança cibernética” que faz a interface entre o centro de operações da empresa protegida e seus equipamentos operacionais. Orientada por sensores instalados em pontos estratégicos da rede a ser protegida, seja de uma distribuidora, de uma geradora ou de uma indústria, a ferramenta faz, segundo Antunes, “um inventário completo da rede”, identificando vulnerabilidades e sugerindo soluções para corrigi-las.
Robô na instalação
A novata EPS Engepro Soluções de Engenharia, formada por ex-engenheiros da Ritz, empresa especializada em ferramental para instalação em linha viva, levou mais de uma novidade, sendo a mais visível delas um robô que permite a instalação com a linha operando (viva) o sinalizador Avifauna, uma solução importada que, por meio de sinalização sonora ou visual evita que as aves colidam com os cabos das linhas de transmissão, protegendo a fauna ao longo dessas linhas.
Inspeção de redes
Conjunto de câmeras em helicóptero promete inspeção mais efetiva
A mineira Trixel, que embora esteja há nove anos no mercado segue funcionando com a estatura de uma “startup”, terceirizando a execução da maior parte dos equipamentos para as soluções que cria, levou para o SNPTEE uma alternativa de inspeção aérea de redes de transmissão que reduz custos e riscos.
Segundo Paulo Pinto de Oliveira, um dos sócios da empresa, a plataforma consiste em um jogo de câmeras ultrarrápidas embarcado na barriga de um helicóptero que permite fotografar minuciosamente a linha e levar o material recolhido para posterior inspeção no escritório.
O primeiro equipamento construído possui um jogo de seis câmeras, mas, segundo Oliveira, já está pronta uma nova versão com 30 câmeras, permitindo coletar cinco vezes mais dados. A inspeção tradicional mais difundida é feita a laser em tempo real, com o helicóptero voando a 30 ou 40 metros acima da linha. A solução da Trixel, de acordo com o técnico, permite que o voo seja a até 300 metros acima da linha, aumentando a segurança, e reduz os custos a até cerca de 30% da inspeção convencional sem perda de eficiência.
Transformador menos poluente
Na linha da eficiência ecológica com redução de custos e de espaço, a paulista de Campinas CGTI, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) fundada em 2003, especializada em PD&I para o setor elétrico, apresentou uma caixa separadora de óleo e água para transformadores das subestações que, segundo o diretor Adelfo Barnabé, elimina a necessidade de construção da gigantesca caixa de concreto para retenção de óleo em caso de pequenos ou de grandes vazamentos, estes originados por eventuais explosões do transformador.
Barnabé explicou que enquanto o sistema convencional exige a construção de uma caixa de concreto subterrânea com capacidade para 110% do óleo contido no transformador, o dispositivo separador tem dimensões de 0,97×0,58×0,56 centímetros. Ele é equipado com mantas de fibra de vidro que retêm o óleo e deixam passar a água (da chuva) para a natureza e com uma válvula que fecha automaticamente quando as mantas de filtragem estão saturadas.
Segundo o técnico, o equipamento reduz os custos em até 40% e o espaço ocupado em mais de 90%, sendo ideal para áreas densamente povoadas onde a disponibilidade de espaços é cada vez menor.
O equipamento do CGTI e os outros quatro aqui sucintamente apresentados representam uma pequena amostra da preparação da indústria para responder ao impulso de crescimento que será trazido pela esperada modernização regulatória. A sinalização é de que a indústria está pronta para a prestação de serviços e fornecimento de equipamentos mais modernos. Resta o ordenamento político e regulatório que incentive seu uso.
Por Chico Santos Última atualização em 16/11/2019
Fonte: https://editorabrasilenergia.com.br/a-modernizacao-do-setor-eletrico-e-a-inovacao-tecnologica/